17 de Dezembro, 2020
ALFREDO MARCENEIRO - O NATAL DO MOLEIRO (com letra)
Que noite de Natal tristonha, agreste
De neve amortalhava-se o caminho
O vento sibilava do nordeste
Nas frinchas das porta do moinho
Sentada ร velha mรณ jรก carcomida
Onde incidia a luz duma candeia
O moleiro de barba encanecida
Com a mulher comia a parca ceia
Prรณximo do moinho, ouviu-se em breve
Uma voz, e o moleiro abrindo a porta
Viu um velhinho todo envolto em neve
Vergado ao peso duma esperanรงa morta
Entrai, meu peregrino da desgraรงa
Disse o moleiro ao pรกlido anciรฃo
Aqui nรฃo hรก dinheiro, existe a graรงa
De haver carinho, piedade e pรฃo
Vinde comer, agasalhar-se ao lume
Festejar o nascer do Deus Menino
Porque a vida somente se resume
Na escravidรฃo imposta pelo destino
E entรฃo o velhinho, numa voz sonora
Pronunciou, levando as mรฃos ao peito
Abenรงoado seja a toda a hora
Este moinho que รฉ por Deus eleito
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